Tereza: quadro triste e isolado aos olhos

Uma situação que já perdura há anos na cidade: trata-se de uma senhora vista diariamente em situação de extremo abandono, vagando pelas ruas. Ela já foi encontrada caída e deitada na canaleta às margens da BR-381, sobre gramados do trevo, em pontos de ônibus e até em ruas movimentadas, locais perigosos.

O Celeste já se deparou inúmeras vezes com essa realidade, que tem chamado a atenção da reportagem. Na sexta-feira, 14, às 9h07, ao transitar pelo trevo em direção à Avenida Alberto Lima, nossa equipe encontrou a senhora sentada em uma parte do passeio de pedestres. Naquele dia, o calor era intenso, e ela estava coberta por roupas ainda mais quentes.

A intenção do Celeste era se aproximar da mulher em situação de rua para compreender os motivos que a levaram a essa condição, que já se arrasta há anos. Dessa vez, conseguimos.

Tereza, como é conhecida, demonstra dificuldades para se comunicar, aparentando confusão e lentidão no raciocínio. Quando nos apresentamos, foi gentil e consentiu que gravássemos um vídeo direcionado exclusivamente à Secretaria de Assistência Social, para que avaliasse sua situação. Seu estado exige acolhimento e cuidados especiais.

Durante nosso breve diálogo, observamos que Tereza tinha os lábios feridos e inchados, tremia, e precisávamos nos aproximar para tentar compreender suas palavras. Com muita dificuldade, ela sussurrou: “Ninguém me ajuda, estou assim”, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos. Além da fragilidade física e psicológica, seus dedos das mãos e dos pés apresentavam sinais de extremo descuido.

Tereza não conseguiu falar muito mais, e respeitamos seu silêncio. Percebemos que sua dor era profunda, mas também que havia nela um desejo, ainda que tímido, de desabafar e superar essa realidade. Embora nossa equipe nunca tenha presenciado diretamente, há relatos de que ela busca refúgio no álcool. No entanto, no dia da reportagem, não percebemos qualquer odor ou sinal de ingestão de bebida alcoólica, apenas um cenário de isolamento e extrema solidão em seu cotidiano na cidade.

Reflexão e apelo

Uma passagem bíblica nos lembra: “Amar o próximo como a ti mesmo” é um mandamento essencial, mencionado tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Isso significa tratar os outros com o mesmo cuidado e compaixão que temos por nós mesmos. É a essência do amor de Cristo: um chamado para sermos menos egoístas e mais empáticos em nossas relações.

Nota da Redação

Em João Monlevade, além da Secretaria de Assistência Social – à qual este apelo é diretamente direcionado, na esperança de que providências sejam tomadas –, há também instituições que defendem os direitos das mulheres. Tereza é uma mulher que precisa ser acolhida com afeto e dignidade.

A Comissão de Saúde, composta pelo médico Dr. Sidnei, por Alisson – profissional experiente na área e atuante no Hospital Margarida – e por Revetrie, que sempre focou em temas relacionados à saúde pública, precisa ser acionada. Casos como esse vão além da responsabilidade de hospitais, policlínicas ou postos de saúde. Trata-se de uma situação de extrema gravidade.