O que há por trás da permanência da Pontes de Minas em João Monlevade?
Na sexta-feira, 4 de abril, às 8h54, a reportagem de O Celeste flagrou uma cena curiosa: o encarregado da empresa Pontes de Minas e uma servidora – conforme registrado na foto – conversavam descontraidamente em uma praça na Avenida Castelo Branco. Pelos gestos e expressões, o assunto parecia mais intrigante e importante do que a continuidade dos trabalhos que ambos deveriam estar realizando: ele como encarregado da equipe e ela responsável pela limpeza do local, que se encontrava visivelmente sujo.

A equipe de reportagem circulou por três vezes pela avenida e os dois permaneciam na mesma posição. O encarregado chegou a levantar o capacete, estacionar a moto em local proibido – com faixa amarela – e segurá-la com um dos pés. Esse comportamento, infelizmente, não é um caso isolado. É apenas mais um entre tantos outros registrados por O Celeste ao longo da cidade.

A Pontes de Minas está sendo tecnicamente avaliada após ter sido alvo de diversas críticas quanto à qualidade dos serviços prestados em João Monlevade. Mesmo com um histórico problemático, há rumores de favorecimentos que estariam possibilitando sua permanência.
A reportagem procurou dois setores responsáveis pela análise da atuação da empresa. Os analistas negaram qualquer irregularidade, mas demonstraram surpresa ao serem questionados sobre os comentários que circulam. Um deles chegou a questionar como uma empresa que foi notificada diversas vezes por descumprir cláusulas contratuais ao longo dos anos ainda está participando de licitação. Ele afirmou que a responsabilidade caberia ao setor de fiscalização – especificamente a Secretaria de Obras e Serviços Urbanos – que, segundo ele, não cumpriu com seu papel à época. Essa situação evidencia a forma como os processos vinham sendo conduzidos.
Outro analista afirmou à reportagem que, desta vez, os critérios serão mais rigorosos e que, caso a Pontes de Minas vença a licitação, será devidamente fiscalizada. Esse é um ponto que merece atenção. O Celeste acompanha de perto o desenrolar da análise técnica feita pelos três analistas envolvidos no processo.
Vale lembrar que a empresa permaneceu por anos operando em João Monlevade sem oferecer condições adequadas de trabalho. Recebeu milhões em contratos, mas atuava com número reduzido de funcionários, veículos inseguros, pagamentos atrasados (em algumas ocasiões, apenas parcialmente pagos), e sem equipamentos de proteção ou materiais adequados para a limpeza urbana. Além disso, há relatos de perseguição a funcionários e funcionárias, assédio moral, sobrecarga de trabalho para alguns e favorecimento para outros.
Nesta semana, a redação recebeu uma denúncia anônima dando conta de que pessoas públicas estariam ligadas à empresa, sugerindo possíveis trocas de favores para garantir sua permanência na Prefeitura. Isso poderia explicar a demora nas análises. Será que esse atraso faz parte de uma estratégia para garantir a vitória da Pontes de Minas?
Esse fator tem intensificado o trabalho investigativo de nossa equipe. Resta a pergunta: existe algum grupo por trás da Pontes de Minas dentro da Prefeitura de João Monlevade?
O Celeste segue atento.